sábado, 19 de janeiro de 2013

Perdemos Walmor Chagas

Hoje a "Cerejinha do Sundae" está em luto.
Perdemos um dos maiores atores que o Brasil já teve: Walmor Chagas.
Junto com ele são levados vários personagens a quem emprestou o talento, o belo porte, o tom de voz inconfundível e todas as histórias que majestosamente ajudou a contar.
Escolhi a imagem que mais me comove, a de Dom Afonso da Maia, na minissérie " Os Maias", produzida pela Rede Globo de Televisão, adaptada do romance homônimo do gênio Eça de Queiroz.
E por que a escolhi?
Porque a minha história foi permeada por este romance. Eu o recebi dos meus tios, que moram até hoje em Portugal, numa edição primorosa em capa dura vermelha e adornos dourados, aos oito anos de idade. Leitora ávida desde pequena, tomei o livro com uma paixão e não consegui lê-lo.
Trama densa para a pouca idade desta leitora, à época.
Anos mais tarde, por volta dos meus dezesseis anos, embarquei no enredo bem construído e temática, ainda hoje, mal vista: a do romance incestuoso entre Carlos Eduardo da Maia e Maria Eduarda da Maia. Como Eça era extremamente descritivo, tanto na ambientação, quanto nos personagens, quase que eram palpáveis para mim e sempre imaginei, no papel do patriarca, Walmor Chagas.
Até que, felizmente surgiu a minissérie e quem estava lá, no papel de Dom Afonso: ele, com a sua elegância de cavalheiro de velhas épocas, Walmor Chagas.
Quando hoje, tantos anos depois, recebi pela televisão a notícia do seu falecimento, me arrepiei toda.
Senti como um amigo querido partindo, sem dizer adeus. Súbito. Doído.
Acrescente-se ao ator incomparável a enorme admiração pela história do homem Walmor. Foi casado com a maravilhosa atriz, Cacilda Becker que, lamentavelmente, nada pude ver por ter falecido abruptamente, num intervalo de uma peça, antes mesmo de eu nascer. Mas o amor deles foi tão intenso que o fez, dignamente, narrar em todas as entrevistas, que apenas sobreviveu para criar a filha, fruto deste amor.
Mas o seu/dele coração havia se fechado e Cacilda levara consigo, mesmo sem querer, a chave.
Então, para aqueles que não acreditam no amor, mirem-se neste exemplo, oriundo de um HOMEM.
E, para os que como eu, sofrem a perda de um grande ator e pessoa, os mais sinceros sentimentos.
Um minuto de silêncio... E uma vida de saudades!
Vá com Deus, querido Walmor Chagas e que na passagem você encontre a sua querida Cacilda, lhe tome aos braços e dê o beijo tão aguardado, como nos grandes romances.
Para nós restará sempre uma enorme...SAUDADE.
Adriana Andollini.

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