segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

O beijo da tragédia

Hoje a "Cerejinha do Sundae" está em luto e desconcertada.
O motivo do título é o nome da boate onde ocorreu a segunda maior tragédia, por incêndio, no Brasil: KISS.
Seria irônico se não fosse trágico...
O "Beijo" da morte na cidade de Santa Maria, no estado do Rio Grande do Sul.
O número assustador:  mais de 234 vítimas fatais.
Acompanhamos, durante o domingo, todas as matérias a respeito do fato.
E sabem o que mais me afetou? Fui frequentadora de boates na minha adolescência e na fase de jovem adulta, ou seja, a exata idade dos envolvidos. Acreditem, em qualquer lugar no mundo, elas são "armadilhas" e ninguém modifica NADA!
São prédios, mais ou menos elegantes, com duas coisas em comum: saídas estreitas e seguranças treinados para impedir a saída. O dono do estabelecimento não pode levar um "calote", no caso de um incêndio ser controlado, sem maiores danos.
"Roleta Russa", meus amigos. Já fui à diversas delas e chegava à casa dizendo para minha mãe:" não retorno! Parece uma arapuca!"
Tetos rebaixados com isolamento acústico- Leia-se: mantas, isopor e outros materiais- fios por toda a parte, spots e luzes de todas as formas e cores, madeiras, poucos extintores (quando há), TUDO para compor uma cena dramática.
Como não são constantes, os governos, enquanto entidades fiscalizadoras, deixam "passar" e continuamos criando gerações com aceitação da catástrofe anunciada.
Sinto-me irritada! Poderia ser evitado e teríamos mais de duzentos universitários vivos, produzindo e felizes.
Pensem no efeito multiplicador: para cada vítima, há pais, amigos e toda uma gama de pessoas que JAMAIS esquecerão a tragédia, mesmo que a mídia e nós a esqueçamos.
Enfim, estes rapazes e moças há pouco tempo estavam procurando seus nomes nas listas de aprovados das onze universidades existentes na cidade de Santa Maria. Hoje os seus nomes constam, novamente, de uma lista. Mórbida...
Sabemos que a boate estava sem o alvará de funcionamento e que esteve fechada há quinze dias.
O que houve para reabri-la? Quem assinou isso?
Não me venham as autoridades alegar o famoso "vamos apurar". Aqui não se apura. Espera-se ser substituída por outra tragédia ou escândalo. E a mídia vai voltar as suas lentes para uma nova perspectiva, e o incêndio permanecerá em "escombros" morais.
IMORAIS!
Quanto às famílias, o meu pesar, as minhas orações e o desejo de força para continuar vivendo.
Porque, na minha humilde opinião, não existe dor maior do que a de enterrar um filho. Pior quando estava saudável, sem motivo aparente para o advento MORTE.
Desculpem-me o amargor e irritação. Utilizo-me, em nome de todos nós, deste site para demonstrar a minha INDIGNAÇÃO quanto às obscenidades  a que somos submetidos. E a dor de quem já teve 18, 20 anos e se sentiu, um pouco, no lugar de cada um deles.
Um minuto de silêncio...
Adriana Andollini.

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