sábado, 22 de dezembro de 2012

A "Cerejinha do Sundae" deseja boas festas!

Olá, queridos "Cerejinhas" e "Sundaes".
Foi um ano de plantio. Portanto, um ano difícil e cheio de imprevistos.
Na minha colheita pessoal tive o frutinho, que ainda cresce e precisa de atenção, que é o nosso blog/ site.
Pessoalmente, foi um ano de muitas mudanças, nem todas boas, mas todas para o bem. Isto é o que realmente importa. Aproveitar o máximo de cada situação, mesmo que, à primeria vista, seja desagradável.
Clichê, não é?! Mas funciona.
Presenteei vocês com alguns textos agora, ao final de dezembro, porque a "Cerejinha" que existe por trás do site necessita de descanso, para revitalizar a criatividade e as energias positivas.
No entanto, neste embalo de Natal, vale uma indagação: Onde reside em VOCÊ o Natal?
Espero que a resposta seja sincera, porque só será produtiva para você mesmo.
Para mim, o Natal reside no exemplo de força que Maria e José tiveram, para trazer à vida o maior homem que já existiu. E foram muito valentes, estes dois, não é?!
Portanto, sejamos humildes diante das adversidades que, com toda certeza, nos rodearão no ano vindouro,  alegres, por ter a vida em nossos corpos, gratos pela saúde, tenhamos fé no futuro e, principalmente, continuemos com o Natal em nós,  nos demais 364 dias em 2013!
Que a sua mente, corpo e espírito encontrem a unidade, assim como quando unimos as mãos em prece. Seja em qualquer religião.
Unimos as mãos e elas ficam lindamente apontadas para cima.
Já se perguntaram o por quê?
Porque é a unidade do ser com o espiritual...
Linda noite de Natal, com céu estrelado ou não, afagos e beijos sinceros mas, principalmente, com todo o amor que remeto a você!
Beijos em todos que me acompanham, de perto ou menos perto,
Adriana Andollini. 


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O mistério da Jurema

Jurema era uma mulata escultural. Ou, como dizia uma colega de infância com poucos  neurônios- "estrutural".
Enfim, Jurema era a vida do morro e o morro só existia ao redor das curvas da Jurema.
Subia e descia as ladeiras deixando um rastro de perfume barato e o "clap-clap" típico dos tamancos, com saltos tão altos, que chegavam a envergonhar anão.
A sua passagem pelo boteco do Mané era um acontecimento diário: Fazia-se um silêncio de monastério, solene, somente quebrado pelo ruído de copos ecorregando de mãos hipnotizadas e tabefes de mulheres enciumadas.
E lá se ia Jurema, num modelito curtíssimo, causando reboliço entre as beatas de todos os credos- Se elas pudessem, exterminavam a coitada da Jurema com água benta e óleo ungido.
A vida seguia o ritmo ao som do samba e o morro foi felliz até que, num domingo nublado, desceu Jurema, sem o conhecido "clap-clap". Usava saia abaixo dos joelhos, blusa com gola-fechada até o pensamento- e sapatos tão baixos que seria possível contar as pedrinhas do chão e descobrir o sabor do chiclete que o Juquinha cuspiu, ao ver aquela cena.
Os homens se abraçavam, consolando-se como se alguém muito estimado tivesse acabado de falecer.
E morreu. Daquele dia em diante, surgiu a "Dona Jurema". Exigia o respeito!
Mulher severa nos modos e aspecto, que se convertera à Igreja do Apostolado dos Santos Mártires do Amor Supremo do Terceiro Dia.
Vocês já observaram como o nome da igrejas têm se alongado? Parece ficha policial: Nome, sobrenome e filiação!
Prosseguindo com a nossa história, Jurema se entregou de corpo e alma à nova vida e foi: "recepcionista das ovelhas novatas", subindo na hierarquia para "recepcionista das ovelhas perdidas" até chegar ao almejado posto de " Assessora de pregação do apostolado".
Mas o morro permanecia em suspense.
O que teria levado a Jurema  (para uns, deusa- para outras, vocês sabem...) a esta mudança radical.
O pior eram os domingos. Cada modelito pior que o anterior, ao ponto do Juquinha engasgar com o chiclete. Ficou todo roxo e foi aquela correria no morro: vira o moleque de cabeça para baixo, põe papel na testa - ué? isto não é para soluço?!- bate nas costas e, por último, ouve-se: "Dá cachaçaaaa!", sugerido pelo Nicanor, bêbado honorário e frequentador assíduo do boteco do Mané.
Finalmente o garoto desentalou e quando conseguiu dizer as primeiras palavras, foi a voz do morro:
" Credo"- fazendo o sinal da cruz, como quem espanta o mal- "Tá muito horrorosa demais de feia", assim mesmo, sem qualquer pontuação, saindo de uma única vez.
Certo domingo aconteceu algo de insólito. Durante a palestra da igreja a qual estava frequentando, Jurema soltou uma gargalhada que, de tão sinistra, chegou a ecoar na igreja concorrente.
Culto paralisado. Rostos imóveis.
Pior: Jurema suspendeu, com uma das mãos, a saia e tascava gargalhada no pessoal.
O pregador, num lampejo de marketing, pois a mulata de joelhos e, aos gritos, invocou Deus e todo o mais.
Pergunto eu à vocês: Por que gritam quando invocam a Deus? ELE não deve ser surdo...
Prosseguindo, falou frases sobre anti-maldições, passou uma gosma na coitada e, como não parava de gargalhar, mandou-lhe um tapão, digno de marido corno.
Pode não, gente! Ninguém deve bater em ninguém!
Em frente, a Jurema levou mais umas cinco bordoadas bem no meio da fuça e parou de gargalhar, porque o nariz quebrou.
Voltou ao morro: o rosto inchado, numa cor que apenas um carnavalesco poderia esclarecer, com os olhos semi-cerrados e arrastando uma das pernas.
E isso foi piorando nos domingos seguintes, ao ponto do Juquinha- aquele do qual falamos antes e que era o capeta em forma de menino- prometer a Deus: " Conserta a "gostosa" que eu jogo fora as revistas que escondo da minha mãe".  Isto dito entre lágrimas- pela Jurema, toda judiada e por todas as peladas que traziam a felicidade para o seu banheiro.
Fuzuê no morro!
Era homem (até os casados!) com arma na cintura, querendo pegar o pregador à bala ou dedada no olho- entendam como quiser...
E a mulherada feliz! Especialmente as beatas de todos os credos, tão " Cristãs" em ver a desgraça da Jurema- agora, Dona Jurema- e o seu final merecido. "Era o castigo vindo dos céus", murmuravam umas com as outras...
Num domingo de sol, ouve-se o "clap-clap característico.
Todos correram para a porta do boteco, até mesmo o Nicanor, que se apoiando nas mesas conseguiu se levantar e foi o primeiro a avistar: " Juuu..", a voz alterada de emoção e cachaça, " Juuu.." e antes que concluísse, a macharada em coro, no alívio que só os "ADMIRADORES DE JUREMA"- bloco carnavalesco que saía às terças de Momo- poderiam explicar, terminaram a frase pelo coitado: "reemaaaa...".
E lá veio ela, no modelito curtíssimo, cabelos ao vento e os famosos tamancos, que sempre anunciaram a sua chegada triunfal.
Imediatamente o Palhares correu até a musa de todos e, num tom poético, recitou uma trovinha, de improviso:
" Jurema, nossa Juju.
Finalmente mandaste aquela igreja,
Tomar no.." e antes que ele terminasse, foi interrompido pelo coro de beatas que, como ratazanhas prenhes, fizeram um "Xiiiii" histriônico, também sacudidas de suas tarefas pelo "clap-clap" da mulata.
E no boteco do Mané, a pergunta era uma: " O que aconteceu?"
Jurema, com a calma das deusas coroadas pelos homens e detestada pelas mulheres, solucionou o mistério:
" Gente, é simples. Eu sempre namorei muito. É verdade,
Eu sempre bebi cerveja. É verdade.
Eu visto roupas assim. E gosto!
Vou ao samba, ao funk e tudo o mais.
Mas, aí, eu achei que era hora de mudar de vida, sabe como é?! Casar com um homem legal, temente a Deus, ter uns moleques e sossegar.
Mas tive um probleminha: o Santo resolveu baixar, logo na igreja e vocês sabem que eu sempre frequentei o "Terreiro da Mãe Nininha".
Olha, se eu vi Deus, deixei de ver, porque meus olhos, depois de tanta bofetada, já não abriam mais!".
E terminou com uma gargalhada, continuando a descer a ladeira.
Lá embaixo, sob os olhares do morro, estava estacionado um carrão, daqueles de filme. De dentro saiu um homem, bem vestido, camisa aberta no peito, cordão de ouro com medalha. Beijou a mão de Jurema e a conduziu, suavemente, até o interior do veículo.
Antes de entrar, porém, Jurema deu uma olhada pra todo o morro e seguiu adiante, deixando só poeira e perfume atrás de si.
Furdunço novamente.
A realidade é que o morro não existe sem a Jurema.
O samba perdeu o compasso, o bloco não saiu mais e as ladeiras ficaram tristes, sem o "clap-clap" dos tamancos da mulata.
Beijos,
Adri.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Um brinde pelos mil acessos!

Querido leitores e amigos da "Cerejinha do Sundae".
Tenho a honra e o prazer de informar e comemorar, junto à vocês, MIL ACESSOS!
É uma jornada conjunta, numa rede que se iniciou com os amigos e, no boca-a-boca, chegamos ao número que, para mim, é mágico.
Portanto, vale contar um segredinho sobre a Adriana Andollini, que é a autora de absolutamente tudo o que é publicado.
É claro que os amigos sabem a minha real identidade- estou melhor que o Super Homem- e quanto ao pré nome- Adriana- é real.
Minha mãe, quando grávida, deu uma lista ao meu pai que possuía nomes com a letra "A" e terminava em "V", tendo como o último Verônica e ele escolheu Adriana- a terceira na família dele!
Então, sabendo desta história, utilizei o "Verônica" como codinome nas baladas- quando solteira, hein?!- e não pretendia ser incomodada por aqueles carinhas do tipo " E aí, gata, fazendo o quê aqui?!", em plena pista de dança. Mandava logo um Verônica, com o telefone de um amigo da época- a mãe dele atendia o telefone e ficava furiosa com a tal "Verônica", que dava o número de telefone deles!
Então, quando eu e as minhas amigas saíamos, já havia um contrato: Eu me transformava em Verônica, a outra era Márcia e assim por diante. Não valia ficar trocando de codinome, porque a mentirinha seria descoberta.
Bom, quando resolvi fazer o blog, ainda lá no gratuito, coitadinho, que como recurso tinha apenas letrinhas rosas (muitos detestaram porque prejudicava a leitura do texto. Fazer o quê?!), pensei em resgatar a "Verônica".
Não! "Ela" pertencia a uma outra era, já distante. Precisava de autenticidade e frescor.
Permaneceria com o Adriana e, num lampejo, veio o "Andollini".
Por quê?  Simples, sou cinéfila e um dos filmes o qual mais admiro é a clássica trilogia " O Poderoso Chefão".
O Don Corleone, em questão, tinha por nome Vito Andollini. Corleone era a cidade na qual nasceu.
E parece que o personagem de Mario Puzo deu sorte à esta Adriana, que jamais pertenceu à mafia e que, diferente do personagem central, só pretende trazer cores às vidas de quem a rodeia.
Inclusive vocês, que fazem parte da família "Cerejinha do Sundae".
Parabéns a todos nós por esta marca expressiva, num blog/site sem patrocínio ou mídia externa que o impulsione, mas que tem o principal: mais de mil AMIGOS.
Beijos da eternamente grata,
Adriana Andollini.

Como encontrar?

Olá, queridos "Cerejinhas" e "Sundaes".

Este post tem o objetivo de ajudar alguns leitores a encontrarem os demais textos publicados.
O site possui uma "barra", à esquerda, com os posts do mês de dezembro, portanto, bem recentes e, logo abaixo, vocês encontrarão uma setinha com a indicação do mês de novembro.
Ao clicar, estarão à sua disposição todos os textos anteriores, igualmente divertidos ou informativos, para vocês se entreterem.
Sugiro, entre outros, " A maratona da Valquíria". Vale a pena conferir.
Mais abaixo vocês encontrarão o "Top 6", ou as " 6  + da Cerejinha", que sempre dão a colocação dos textos mais lidos, no momento.
Por motivos óbvios, " A Sogra" é número 1, desde quando a " Cerejinha do Sundae" nasceu e, a bem da verdade, é o meu post primogênito. Merecida a colocação por ambos os fatores!
No alto do site temos uma série de informações: HOME, QUEM SOU, DEPOIMENTOS, PARCEIROS, CONTATOS e CONSULTORIA EM CERIMONIAIS E EVENTOS.
Basta um clique por sobre o que você gostaria de acessar. Simples, não?!
Com relação aos depoimentos, gostaria que vocês enviassem sugestões sobre temas que gostariam de ver abordados aqui. Afinal, a "Cerejinha do Sundae" só existe porque TODOS abraçamos a ideia.
Aos que desejam discrição, fiquem tranquilos: Todos os depoimentos têm uma "caixa de moderação", a fim de evitar spam, gracejos e manter o anonimato daqueles que desejarem, dando as suas opiniões/sugestões sem susto, porque eu decido quanto à publicação e o seu desejo de anonimato será uma ordem!
No campo à direita, vocês encontram as redes sociais nas quais o site é encontrado, os seguidores- Cadastrem-se! Nosso site é seguro!-, a votação, o "Recomendo" - que são empresas/profissionais altamente qualificados na prestação de serviços, amigos da "Cerejinha" e, finalmente, o número de acessos ao nosso blog/site.
Espero ter sanado as dúvidas quanto ao formato do nosso site, para que vocês possam utilizá-lo da melhor forma possível.
Ele é NOSSO!
Beijos,
Adri.

A incrível jornada de João e Maria

Eles vieram de longe, como muitos vêm.
De carona em carona, atravessando estradas poeirentas pelo país até que, finalmente, João e Maria chegaram à capital.
- "Que maravilha de lugar, João! É melhor do que poderíamos imaginar".
Dizendo estas palavras, Maria escondeu a maior emoção de todas- Seus filhos nasceriam na capital!
João de nada desconfiava. Ele jamais concordaria com esta empreitada se soubesse que seria pai.
Desembarcaram e, para Maria, foi mais difícil, porque sentia-se pesada. Múltiplos!
- "Maria, precisamos nos acomodar logo, pois já, já anoitecerá", indo em direção a uma espécie de albergue de rua, sujo... Mas era um lugar para ficar.
A comida foi pouca e rala. E o vento estava inclemente naquela noite. Cansados da viagem de dois dias, rapidamente adormeceram, agarradinhos um ao outro, para esquentar o início de suas vidas na capital.
Com o raiar do dia, o sol batendo no  local onde dormiram, Maria decidiu que não teria os seus "múltiplos" lá.
Sem necessitar muita espera, passou às suas frentes o que seria o palácio dos sonhos de todos e um lar para a nova família.
- " Corre João! Achei o nosso lar!"
E João, meio zonzo, sem nada que o alimentasse naquela manhã, seguiu Maria e se deparou com algo monumental: "Maria! Que espetáculo!"
- " Eu dissse, João! Aqui seremos PRÓSPEROS."
- " Como chegaremos lá? É tão íngreme e alto!", ponderou o faminto João.
- " Acalme-se, que eu sou a M A R I A!", dividindo as letras do próprio nome como quem possui superpoderes. "Múltiplos!", pensava Maria enquanto observava o enorme espaço no qual habitariam, bem aquecido e com alimento mais que suficiente.
Maria realmente resolveu a situação. Por aqui, por ali, foram subindo, subindo e...chegaram! Capital e mansão!
Finalmente venceram na vida.
Algumas horas mais tarde, o que eram alegrias transformou-se em desespero.
O palacete foi invadido por uma torrente de água, quase levando o casal. Logo em seguida, foram atacados por todos os lados.
- " INVASORES!", gritou João, tomando Maria consigo, ao tentar levá-la para os fundos do local.
Em seguida, a água subiu muito mais, sendo acompanhada por uma grossa espuma.
Maria, quase se afogando, agarrava-se ao que podia e, no desespero, havia-se perdido do amado João.
- " Amooor, não o vejo...- cof, cof- sendo tragada pelas águas e lutando por si e seus múltiplos.
Numa onda, como surfista campeão, chega João, equilibrando-se sobre algo que Maria não reconheceu.
- " Sobe, Maria! Sobe!"
De um único golpe, João arrebatou a amada e a levou sobre as ondas que invadiram o seu lar.
- " João..."
- " Sim, Maria..", num tom terno, de quem vê a morte nos arredores e não quer perder, para ela, o grande amor.
- " Você e eu teremos MÚLTIPLOS!"
João, faminto e quase no final das suas forças, foi insuflado por uma energia transcendental. Conseguiram aportar em um local mais alto e, emocionados, comemoraram a notícia.
- " Desde quando você sabia?", questionou João.
- " Há dois dias. Pouco antes da nossa viagem..."
- " Que imprudente, meu amor... Agora seremos nós e eles. Somos uma família!", dizendo isso como quem desabafa uma vida repleta de privações porém, plena em amor.
A água foi baixando e o seu lar parecia salvo. Qual nada...
O vento lancinante se abateu sobre eles e João quase foi levado. Uniram-se, agarrando-se  numa espécie de corda. O vento foi diminuindo, diminuindo, até que cessou.
- " Ufa!"- Maria, aliviada, olhou para João e sentiu-se salva.
- " INVASORES!"
João e Maria correram o máximo que conseguiram, pularam os obstáculos metálicos, penduraram-se até que, tudo serenou.
- " E então, João? Continuaremos aqui?"
- " Melhor não... Segurança não há e o nosso abrigo de rua, embora pobre e sujo, onde a comida é escassa e rala, será melhor para a nossa família."
E assim se foram, sem mágoas.
Deixaram o cão Poodle- que era o "Palácio" de suas vidas- e havia ido à loja de animais, para banho e tosa.
Saíram pulando em direção ao Rex, o cão de rua, que foi o albergue da chegada à capital.
Vida de pulga não é fácil!
Beijos,
Adri.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Noivas- véus, grinaldas, penteados e maquiagem

Olá, queridas "Cerejinhas"
O post de hoje é somente de vocês!
Vamos explorar o universo das "cabeças coroadas" das noivas e dar dicas úteis para este dia tão especial.
Beijos,
Adri.
Clique em "Consultoria em Cerimoniais e Eventos"

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Estreia de " Consultoria em Cerimoniais e Eventos"

Olá, queridos "Cerejinhas" e "Sundaes"

Estreamos a página de Consultoria com o tema CASAMENTO.
Tem sido um pedido recorrente entre os leitores do site/blog e estou aqui para ajudá-los neste momento tão aguardado e especial.
Portanto, um brinde a todos nós por esta relação que será duradoura!
Beijos,
Adri.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A caçada

Dois de novembro. Dias dos finados.
Isabela colocou o tailleur negro de maneira calma e ritualística. Pôs o colar de pérolas legítimas que o falecido marido lhe dera no primeiro aniversário de casamento.
Olhou-se no espelho. Estava incrivelmente perfeita para a ocasião.
Arrematou o visual com um batom vermelho encarnado, para contrastar com a pele alva e o luto fechado. Sorriu com o canto da boca.
Resolveu optar por um perfume clássico e delicado. Sorriu novavamente.
Era um luto especial. Arthur morreu em um acidente de carro, caixão fechado e todo o mais. Passaram-se sete anos e, desde então, a jovem e bela viúva ia ao cemitério em todas as ocasiões solenes para "visitá-lo".
Mas sabem como são estes dias em cemitérios de cidades grandes, principalmente em países tropicais.
Tem menino soltando pipa, moleques "reciclando" as flores postas nos túmulos - que, imediatamente após a saída dos parentes, são retiradas e revendidas- homens sugerindo a limpeza de jazigos por preço de faxina de mansão, fãs histéricas chorando por cantor famoso (e que já se foi há cinquenta anos)  enfim, aquela maravilhosa vitalidade que apenas nas datas especiais se vê nos cemitérios, em especial nos Finados.
Isabela era mais uma nessa selva, compenetrada, medindo cada passo dado, olhando as lápides até chegar ao Arthur. Lá estava ele, quarenta e poucos anos, Magistrado influente. Morto! Mortinho da Silva!
Queridos leitores. Contenham a pena e as lágrimas. Não havia nada de bom naquele homem. Nada.
Portanto, economizem os lenços de papel.
Prosseguindo a nossa história, Isabela postou-se diante do túmulo. Iniciou um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e nada. Estava apenas ali, olhando para a foto daquele homem, que tantas vezes a humilhou, traiu...
Predadora, observou o seu entorno. Focalizou-se num jovem homem, jogado sobre um túmulo de mulher, rosas vermelhas caindo-lhe das mãos.
" Bela cena. Lindo homem. Parece modelo".
E na concentração da cena, tornou-se cúmplice daquele estranho e sua dor. Aquilo sim era amor.
" Está vendo, Arthur, a diferença do amor para o que você dizia sentir?", disse em tom confidencial para a fotografia na lápide.
Sentiu uma inveja obscena da morta. Mas não teve vergonha dos seus sentimentos. Poderia possuí-los, a todos, por merecimento das mágoas que trazia no peito.
Num repente, daqueles que muitos de nós já sentiram, o belo homem percebu-se observado e o seu olhar cruzou com o de Isabela, sob o sol escaldante que a fazia mais pálida e com os lábios mais encarnados.
Tocou o colar de pérolas com as pontas dos dedos, como uma serpente que prepara o bote.
Dirigiu-se, a passos lânguidos, até o jovem rapaz e se apresentou: " Isabela. Meus sentimentos."
" Victor...", lágrimas rolando pelo rosto de Apolo, os olhos negros tendo as pálpebras como cortinas, injetados de tanto chorar e uma covinha no queixo, finalizando como moldura este belo quadro Renascentista.
" Quem era esta bela mulher?", indagou Isabela.
" Noiva amada. Acidente de carro", lacônico e aturdido.
Isabela esforçou-se para manter a seriedade. Dentro de si, todas as suas células gargalhavam em profusão de sensações mundanas, diante da coincidência amiga de seus planos.
Forçou uma lágrima, conseguida com as péssimas recordações deixadas pelo finado marido.
Victor, comovido, num relance a abraçou e ali deixou-se acomodar, entregando-se a ela. Ele chorava a ausência do grande amor e Isabela a sua falência moral e afetiva. E, neste abraço eloquente em silêncio, ela contou a sua história e o luto de sete anos.
Alguns minutos se passaram até que, recobrada, Isabela apartou-se de Victor, falseando um pudor que não era seu. Não mais.
 Ele deteve-se num olhar morno, percebendo-a linda, no negro do luto, no encarnado do batom, na palidez da pele de viúva inconsolável.
Isabela fez que se retirava e o homem a travou pelo braço.
" Vamos beber alguma coisa?", hesitante.
E, antes de responder qualquer coisa, sentiu que a presa caíra na armadilha. Bastaria calma...
" Agora? Eu nem o conheço e não sou dessas, que vão com qualquer desconhecido".
" Jamais!", indignado. " Percebi que temos tanto em comum, o mesmo amor por quem partiu, a mesma devoção, a ausência doída."
Assentiu com a cabeça, deixando no rosto um ar de pudor, de castidade que comoveu Victor e o estremeceu nas entranhas.
Saíram do local com as mãos se procurando, com leves toques e o suor dos trópicos.
Enquanto isso, Isabela se felicitava pela caríssima lingerie vermelha que comprara na véspera e como seria bem usada com Victor.
Claro, queridos amigos, que somente até o Natal, quando a CAÇADA recomeçaria.
Beijos,
Adri.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Olhos verdes

NASCEU! Gritou a parteira, como se tivesse ganho a Copa do Mundo. E nos pênaltis!
Enlaçada no próprio cordão umbilical, meio arroxeada, veio ao mundo Helena, a única criança a vingar em seis tentativas, nos quinze anos de casamento dos pais.
Cidade pequena. Minúscula. De tal forma que o nome se tornou maior que a própria:
 Miracema do Passo de São José do Alto do Rio Preto da aleluia de Deus. 
Agora, pare e pense: Quantas ruas deveriam existir numa cidade como essa?
Errou! Apenas uma, com meia igreja (porque as obras nunca acabaram) e uma cadeia.
Crimes: Somente os chinfrins.
Havia o seu Eusébio, que bebia de vez em sempre, a dona Aurora, que só batia no seu Eusébio quando ele bebia e o Chicão, que se aproveitava da situação dos dois para surrupiar umas penosas.
 E era tudo o que acontecia...
Mas, mesmo  neste contexto de zero a zero, Helena desejava, no fundo de sua alma de criança, ser "polícia".
"Ah! Prender um bandidão igualzinho ao dos filmes- Pare em nome da lei!", exercitava diante de qualquer um que passasse à sua frente, até mesmo a tartaruga da tia Cotoca.
Sempre que podia, assistia os filmes de "Polícia e Ladrão" na casa do padre (que os comprava por duas Mariolas - vendendo os ingressos para "terminar" as obras da igreja) e sentia o corpo levitar.
Os anos se passaram naquela vidinha de brisa morna e mosquito morto à bofetadas, até que Helena se tornou mulher.
Agora sim, iria para a capital terminar os estudos, tendo que ouvir os "conselhos" dos pais:
"Coisa mais linda é cuidar de menino. Ter filha médica...", suspirava dona Eulália, enquanto o seu Genésio, como homem e pai, tinha a palavra final- " Helena, ouça seu pai. Tenho experiência de vida e sua mãe está certinha. Uma lindeza filha doutora...". Ela nem se deu por achada. 
Partiu rumo à capital e ao seu sonho, terminou os estudos e prestou concurso público para a Polícia do Estado. 
APROVADA! Todo o seu ser era pura felicidade, genuína, imorredoura. "Agora sou Inspetora de Polícia!", repetiu mil vezes até o seu cérebro acostumar ao título e, é claro, em todos os telefonemas que recebeu.
Após a posse, escolheu exercer a lei na sua cidade natal, Miracema do Passo - bem, o restante vocês já sabem- mesmo porque ninguém quis a colocação.
Chegando na cidadezinha - que Helena não me ouça- foi recebida com banda tocando ( ui...) no coreto improvisado, o Prefeito entregou a chave da cidade e da cadeia ( Já que o Delegado acumulava todas as cidades do entorno) e, de fato, de fato, ela seria A AUTORIDADE.
Os pais, lágrimas aos olhos, se consolavam: " É, minha velha. Não foi médica, mas é Doutora, ora!".
" Isso lá é coisa para mulher, homem. Criei a menina para casar, ter filhos e, até que trabalhasse, vá lá, mas sendo professora, médica de menino...", saindo como um dó de peito da pobre dona Eulália, que não aceitava "essas modernidades".
A realidade foi mais dolorosa que o desencanto dos pais: Helena andava de um lado para o outro, na rua (lembrem-se- era uma única!), com a pistola no coldre, nos arredores, estradas e nada... Nem um sumiço de calcinha acontecia. Até o Chicão se conteve com a presença da AUTORIDADE na cidade.
 Ela treinava, religiosamente, a sua pontaria nas latinhas que a molecada, no maior orgulho, recolhia para a "Doutora". 
" Quando ela prender bandido, tem que fazer bonito", dizia Zezinho, enquanto recolhia mais uma no matagal.
Mas a coitadinha da pistola, depois desse exercício diário, chegava a roncar dentro do coldre até que, num dia como outro qualquer, acertou um tiro bem no meio, mas foi bem no meio do olhinho do...
elefante que estampava a lata de extrato de tomate e Helena ouviu, ao longe, um gemido, vindo da mata.
Correu na direção do som, pensando ter acertado algum animal. Se fosse de estimação, estaria enrolada com um dos vizinhos "que a pegaram no colo quando era assim, deste tamanho"-argh, porém, caso fosse animal protegido pela lei, o enrosco era maior: Crime.
Interessante...Viu a silhueta de um homem, meio caído, sangrando. 
Que sorte a da Helena. Ser humano dá pena menor que animal em extinção! Prosseguindo a história, a gloriosa Doutora acudiu o homem, fez um exame superficial, observou que o alvejou de raspão e só.
Ajudou o tal a se levantar e aí sim, observou o espécime masculino: Alto, moreno de sol, olhos verdes, tatuagens mil ( de "Amor de mãe", dentro de um coração flamejante a "Vingança" em vários idiomas- até em Mandarim!).
Nada falaram até a rua principal- Por que principal se só há uma?!- Ele, pela dor. Ela, pela timidez que a silenciou diante de tamanha beleza.
Ao chegarem a Delegacia, tratou de consultar a folha de antecedentes criminais do sujeito (Lindooo!) e sentiu um aperto no estômago: Havia tantos artigos do Código Penal ali que daria para numerar TODAS as casas de Miracema do Passo (bom, vocês já sabem, né?!) e das adjacências.
Ah! A sua hora chegou e, finalmente, falaria como nos filmes: " Marcelo, né?!"
Sentado, levantou calmamente os olhos verdes e assentiu com a cabeça.
"Pare em nome da lei!"- Isso, isso, isso! Só faltava dar pulinhos.
" Senhora, com todo o respeito, eu JÁ estou parado, Delegada".
"Inspetora. Inspetora".
E lá foi o morenaço, conduzido pela nossa heroína de Miracema de não sei o quê, para o xilindró, que de tão inútil, tinha a porta fechada com arame.
Helena correu para arranjar um cadeado com a tia Cotoca - "Nossa, Heleninha. Por esse eu até voltava à ativa. Ai...", exclamou a sábia veterana que se prontificou a fazer o curativo no rapaz.
E assim foram passando os dias sem que houvesse o comunicado oficial da captura deste marginal tão procurado. Ele era " Marcelinho do pó", com mandados de captura em todo o país e Helena ali, silenciosa em relação ao Comando Geral.
Surpreendia-se esquadrinhando o homem... 
Quando estava fora do horário de trabalho, a cidade queria saber qual o crime de " Marcelo Bonitão"- para eles, era esta a alcunha- e a resposta era sempre a mesma: " Não quis casar com uma moça e fugiu", findando o assunto.
Certo dia, Helena tomou coragem e abriu o cadeado da cela.
" Vai!"
"NÃO!"
E nesse vai-não-vai se atracaram ali mesmo, daquele jeito que homem e mulher se atracam e não é briga.
O dia seguinte chega acompanhado de um escândalo: "FUGIRAM!", gritava a dona Erotildes, fofoqueira-mor da cidade.
Procuraram por todos os lados, nas cidades vizinhas e nadica de nada. Nem rastro dos dois.
Sobre a mesa da Delegacia, as duzentas folhas de crimes de Marcelo e, escrito a batom vermelho com a letra de Helena, o recado: " Fui com ele para não voltar".
Loucura geral, o Comando foi informado pelo Prefeito - " Eu, cá comigo, sempre soube que essa tal Helena não prestava"- repetia ao ser entrevistado.
E assim passaram ambos a serem foragidos e...Procurados!
Os anos voaram, até que, num assalto a banco em uma grande cidade, as câmeras de segurança da agência filmaram uma mulher loura platinada, cabelos longuíssimos, calça de couro preto, botas com o cano acima do joelho- equilibradas num salto agulha de uns quinze centímetros- e seios que pulavam do decote, como dois suicidas. Nas mãos, além da enormidade de jóias, trazia uma escopeta e, ao redor da cintura, duas granadas, duas pistolas e munição para deflagrar a " Terceira Guerra Mundial", liderando um bando de homens igualmente "gentis e refinados".
À noite, durante o telejornal, vem a notícia:
" LENINHA TIROTEIO BARBARIZA EM MAIS UM ASSALTO A BANCO", fazia a chamada, o apresentador.
E, numa casa qualquer, a "Leninha Tiroteio" assistia a tudo, orgulhosa de si mesma, o seu nome na televisão- horário nobre!- " Finalmente, o meu sonho se tornou reallidade, com mais ação do que eu supunha...", filosofava esparramada no sofá. Só sentia desgosto porque não poderia dizer o " Pare em nome da lei". Mas, tudo bem... Gargalhou, pensando: "  Agora é mãos ao alto que a grana tá dominada".
Saiu dos seus devaneios e lembrou-se do jantar. 
" Porra, Marcelo! Esse jantar sai ou não sai?".
" Amor, eu fico aqui o dia inteiro preso, cuidando das crianças. Você não conversa mais comigo, nem reparou que eu cortei o cabelo como você pediu...- engolindo um choro furtivo, amassando o avental com motivos florais- não tenho mais meu bando, você agora é a chefe e eles nem me respeitam mais..."
" Tá reclamando, Marcelo? Eu dou um duro danado, chego em casa e nem o jantar tá pronto e você fica aí, choramingando? Sou eu quem arrisca a pele todos os dias para pôr comida na mesa e encontro você assim, cheirando a cebola? Antes você era todo perfumado, gatinho e EU estou errada?"- pegando a bota com o salto quinze, numa atitude ameaçadora.
" Não amor. Eu é que estou meio sensível hoje..."
" Termina logo essa gororoba que eu tenho que descansar".
E Marcelo, enxugando as lágrimas no avental, apaga o arroz e esquenta a mamadeira do caçula, dentre os três filhos que estão agarrados às suas pernas.
Beijos,
Adri.