sábado, 9 de março de 2013

O beijo de Judas

Hoje fui beijada por Judas.
Não aquele pertencente à vida do Messias, do Salvador, mas um desses seres amorais que nos encontram mais vezes do que pretendíamos.
Portanto, vou me utilizar de uma história para aliviar a minha dor. E obrigada se me acompanharem nessa jornada.
" A pele branca não era mais reconhecida em meio a tantas chibatadas. Por suas pernas escorria o sangue vermelho, com cheiro de ferro e em suas costas viam-se tantas marcas que um incauto acreditaria estar diante de um mosaico humano.
Seu algoz, sem qualquer piedade, brandia o chicote no ar e a açoitava, uma após outra, trazendo no semblante um prazer móbido e horrendo.
Tinha as mãos delicadas e o coração de uma serpente. E a mulher lá, quase que rasgando os pulsos com o peso do próprio corpo, inerte na própria dor, agarrava-se a um fiapo de esperança em sobreviver à proxima vergastada.
Creiam-me, amados leitores, a cena foi presenciada por muitos "amigos", desses que somente se dedicam ao pior dos inimigos. Inertes acompanhavam golpe a golpe, o sofrimento daquela mulher.
E vocês devem estar se questionando: que mal ela cometera? Qual foi o seu crime que merecesse tamanha punição?
Muito simples ao mesmo tempo que complexo: decidiu ser JUSTA.
E desde que o mundo é mundo, a história está repleta de justos martirizados, mortos, todos lutando pelo coletivo, por um ideal.
A quebra do sistema traz consigo dois problemas e consequências: o ódio dos poderosos e a inveja.
Sim, queridos leitores, a mulher fora "beijada" e exortada à luta pelo Judas, que se tornou o algoz da nossa história.
O Judas que atiçou o seu espírito de liderança, que chorou em seu ombro por ser um homem fraco e, assim, obteve a sua adesão à causa e a sua habilidade com a melhor das espadas: a argumentação.
Então, serviu-se dela e de sua força, valendo-se da honra que existe em cada célula do sangue que a mulher carrega.
Seis meses depois, a situação almejada é atingida e o Judas se desfaz da mulher, chamada de AMIGA, por temer a sua força. Ele sabe ser simplesmente um Judas. Ah, ao menos sobre isso ele tem conhecimento.
Necessariamente tem que puní-la, para que o seu poder se mantenha e, sem um gesto, sequer, de gratidão, a condena ao degredo e ao flagelo.
Mas, por óbvio, como qualquer traidor, usa capa.
"E quem tem capa, sempre escapa", deixando a mulher com suas chagas e saindo da praça central acompanhado pelo séquito de adoradores, antes "amigos" da mulher.
Mas, cá entre nós: quem além daquela mulher iria se preocupar com o coletivo?
E viva a individualidade! E cada qual que escape com a sua pele intacta e a sua "capa". E a consciência a ser pesada."
Lamentando ser a mulher da história, desejo que Deus dê a cada um o que for de direito.
Adri.

Nenhum comentário:

Postar um comentário