segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Crônica de um final de ano

Meus amados "Cerejinhas" e "Sundaes".
Espero que o final do ano de 2013 tenha sido, no mínimo, satisfatório. Claro que em muitos países está um frio de endurecer cabelo de careca mas, aqui no Brasil, estamos com sensação térmica de 50 graus à sombra.
Agora eu entendo perfeitamente o ditado "Deus é brasileiro". Óbvio, porque somente Ele para aguentar este calorão de maçarico. O Capeta já se mudou para temperaturas mais amenas, que não vai dar uma de maluco.
Para quem ainda não sabe, temos uma casa em Búzios e pouco conseguimos usufruir dela. Neste dezembro, em que estive em férias, fiquei ansiosa pelas festas de final de ano para curtir a cidade a todo vapor, com suas praias fantásticas e aquela brisa sempre constante que deixam, os mais friorentos- como eu- a mercê de um casaquinho leve mesmo em alto verão.
Gente, não é que caiu uma tromba d'água na cidade?! Coisa que jamais havia acontecido, isso garantido pelos idosos nascidos no local. O que aconteceu foi oriundo de uma tromba de elefante gigante, um Mamute com certeza. Foi um arraso. Asfalto revirado, casas alagadas e muitos perderam tudo, absolutamente tudo.
Acalmem-se que a minha crônica não será sobre as desventuras da cidade. Continuem lendo, por favor.
Prosseguindo, passei pelo pórtico em lágrimas dignas de Scarlett O'Hara quando viu Tara devastada pela guerra civil americana- "E o vento levou", para quem ainda não assistiu- numa dor de vislumbrar um paraíso detonado.
Ok, nossos prejuízos foram pequenos em relação ao restante e agradeci a Deus por isso. A partir daí vem a crônica em si- eu disse que valeria a pena continuar lendo.
Veio a estiagem e com ela os TURISTAS. Bom, digo TURISTAS com letras garrafais porque, para mim, são uma delícia de pesquisa.
Cena um: estávamos num restaurante com música ao vivo e um churrasco misto decente- já lhes contei que meu marido é carnívoro numa escala quase primitiva??- e chegaram dois casais e, após olharem o entorno, decidiram sentarem-se na mesa à frente da nossa. Bingo!
Sacaram seus celulares, smartfones, ou o que quer que sejam e haja carinha de alegria de casal feliz e flash!, foto feita, casais voltando ao normal sem se falarem- sequer olhar!- postando no face.
Sério! Eles só eram felizes nas fotos!
E eu pensando comigo: isso vai ser ótimo na "Cerejinha".
Veio o garçom com os pratos pedidos e flash!, foto dos pratos para postar no face.
E ninguém comia nada e a comida esfriava infeliz e solitária sobre as mesas. E haja teclar para cá e para lá e os casais não se falavam. E foram assim até o final, preocupados em viver a vida que gere inveja nos outros. Eu imagino os comentários: "cara, o fulano está com a esposa lá em Búzios numa boa". Mal sabem que boa somente a carne. E o cantor- que era muito bom e ainda falava comigo.
Acho que eu era uma das poucas mulheres que ouvia o que ele cantava, porque o restante só queria fazer "selfies" e postar no face.
Cena dois: Réveillon.
Estávamos num restaurante francês- o quê, para mim, é difícil porque fiquei alérgica à lactose- muito conhecido (eu não vou citar o nome porque, apesar de ótimo, não tenho desconto!) com vista para o mar. Mas era bem pertinho mesmo, com uma escadinha fofa para os que desejavam pular as sete ondas, fazer um despacho- mesmo jurando-se Católico- enfim, essas coisas que todos conhecem.
Depois de uma hora resolvi ir ao toillete- claro que não consegui, porque mulher quando entra no banheiro parece que morreu lá- e no meu retorno passei por uma atriz razoavelmente conhecida aqui no Brasil. Juro que reconheci pela voz.
Cheguei a conclusão que nós, pessoas comuns SOMOS LINDAS! Como são feios estes artistas ao natural, sem a maquiagem e a luz certas.
A criatura em questão- sim, porque parecia uma ETezinha- se encolhia achando que todos a reconheceriam e pediriam autógrafos e fotos e sei lá mais o quê. Coitadinha...
Além do Henrique- meu marido, para os que não sabem- e eu, acho que NINGUÉM sabia da existência da atriz.
Na areia vi o povo chegando e o fenômeno "face" rolando à solta. Os fogos de artifício espocando no céu estrelado e as pessoas vendo a vida pelas suas telas de cristal líquido. Daí surgiu uma indagação:
lembrar-se do quê se não vivenciaram nada? Onde ficará o frisson de olhar imagens que não foram incorporadas ao seu patrimônio afetivo e pessoal?
Mas foi assim...
Não para nós, que vimos os fogos aos beijos, torcendo por um 2014 melhor para todos- porque, cá entre nós, 2013 foi uma tremenda praga de mãe!- e depois dançamos muito, com um DJ meio ruinzinho. Mas o que importava era o espírito de Ano Novo, cheirando a tinta fresca.
Cena três: Praia de Geribá
Fomos à praia somente no dia 02 de janeiro. Não gosto de ir no dia seguinte ao Réveillon, porque as areias ficam com oferendas e acho que a energia é meio pesada. Nunca se sabe o que as pessoas jogaram para o mar em termos de intenções, né?!
A areia era escura- lá sempre é branquinha e soltinha- resultado da tromba do Mamute, parecendo praia de rio. Lotada.
Mas não de uma gente bacana, ecologicamente educada. Eram, o que eu chamo, "cupins".
Cheguei com cara de poucos amigos, irritada pelo que estavam fazendo com a "minha" praia. Sinto-a muito minha, porque vamos a pé para lá e após uns cinco minutos de caminhada "passeio" chega-se a uma das suas entradas.
Leitores amigos, eram garrafas de plástico, latinhas rolando, canudos e suas embalagens, pratinhos descartáveis uma verdadeira farofa do inferno. E a cupinzada lá, feliz da vida, a estragar o patrimônio que é do mundo.
Mergulhei nas águas transparentes e vi, ainda no raso, vários cardumes. Ai que ódio me deu dessa gente!
E haja "face" nas areias. Vi um idiota bem magrinho fazendo pose de "mamãe sou forte" ladeado por duas  garotas- que se achavam Gisele Bundchen- nas pontas dos pés, dando as costas para toda a natureza pujante e tome foto com cara de feliz. Uma delas chegou a descansar do sorriso para depois rearmá-lo- como uma AK 47- para a pose seguinte.
Inacreditável! e eu catando lixo a cada retorno do mar, como se fosse adiantar muito...
Cena quatro: Final deslumbrante.
Fomos à Geribá novamente, no dia 03, primeira sexta-feira do ano para dar um "oi" ao novo ano.
Achei estranho o mar estar sem ninguém. A maioria na areia.
A "cupinzada" já havia ido embora em sua maioria e o fluxo da vida voltava ao normal. Até o vento- que estava sumido- resolveu dar o ar da sua graça (ai trocadilho infame!) e acreditei que estes fossem os motivos do mar estar meio deserto.
Bom, como nadamos, fomos dar os mergulhos habituais. Maridão ficou estranho, preferiu ficar na barraca e eu nem aí, só na água gelada, feliz de estar me sentindo em casa- já disse que meu signo é Peixes?!
Repentinamente senti uma mordida na coxa, seguida por uma dor lancinante. Em desespero nadei para a beira- e eu estava distante, porque a maré era baixa.
Perguntei para um grupo que jogava "altinho"- para os que não sabem, é um futebol que não deixa cair a bola no chão. Daí o nome- se alguém foi atacado na água por caravelas. Um deles disse, em tom vago: "ih, de manhã foi um montão de pessoas. Agora à tarde não teve mais ninguém".
Claro que não, porque o pessoal ficou na areia.
Fui ao quiosque de apoio e pedi ajuda. Disseram: "passa vinagre".
Passei, mas a dor e as marcas pelas pernas não melhoravam. Comentei o caso com o garçom, que nos é conhecido e ele, sabiamente, me disse: " ela barbarizou você, hein?! Urina é melhor que vinagre".
Não tive dúvidas. Voltamos para casa e no chuveirão externo fiz o que nem na minha infância havia feito: xixi como índio.
Ah, descobri mais uma utilidade para os homens: xixi direcionado.
E o Henrique ficou lá, as gargalhadas, avisando para eu me comportar bem senão ele iria "cortar" o meu abastecimento de xixi.
Quando a gente pensa que já sabe de alguma coisa na vida, vem a Caravela. E quando se pensa que já caímos o suficiente, vem o xixi do marido nas suas pernas. Ai como eu entendo os postes...
Antes que eu me esqueça, em menos de 24 horas fiquei com a pele perfeita e não fui, sequer, ao médico. Funcionou!
Beijos mil,
Adri.



2 comentários:

  1. Oi Dri que bom que no final você ficou bem e deu tudo certo, bendito xixi RS bjs

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  2. Valeu Pati & Leo!
    Já repararam que vocês têm nome de grife?! rsrsrs
    Santo xixi, mas sofri coação do seu cunhado! KKKK
    Beijos sempre e obrigada por ler TUDO que posto.
    Adri.

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